MÁRCIO FALCÃO
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
O governo não conseguiu acordo para votar o Orçamento da União para 2012 nesta quarta-feira, reforçando a tese de que não há interesse do Executivo em aprovar o texto neste ano. Com isso, o governo ganharia tempo e escaparia das pressões para aumentar gastos em meio a crise financeira internacional.
O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), marcou uma nova tentativa de votar o texto nesta quinta-feira, às 9h, último dia de trabalho no Congresso.
Se o Orçamento não for votado neste ano, a presidente Dilma Rousseff começa 2012 podendo gastar menos que um décimo das receitas previstas para o ano que vem.
Como 2012 é um ano eleitoral, os congressistas têm pressa na votação, uma vez que três meses antes da eleição não é mais permitido liberar dinheiro para novas obras.
O impasse na votação continua sendo o reajuste para aposentados e pensionistas do INSS. O aumento para o Judiciário já saiu da pauta dos congressistas.
A Folha apurou que até mesmo o PMDB, principal fiador desse reajuste, jogou a toalha hoje no meio do dia para evitar desgastes com o governo que é contrário.
MANIFESTAÇÕES
“Congresso, preste atenção! O Supremo vai julgar o mensalão [esquema de corrupção descoberto no governo Lula envolvendo vários deputados]”, gritaram durante todo o dia servidores do Judiciário tentando convencer os deputados e senadores a incluir reajuste no Orçamento. Chegou-se a aventar trocar as obras de investimento em infraestrutura no Judiciário pelo reajuste, mas a ideia não prosperou.
A Folha apurou que para o Ministério Público há um acordo sendo costurado que empurraria para fevereiro as negociações de reajuste para a categoria. No caso dos aposentados, o governo propôs o mesmo roteiro do ano passado –deixar no texto do Orçamento previsão de que haverá negociação que implique em ganho real.
A medida, no entanto, é uma carta de intenções. Os representantes dos aposentados, no entanto, não concordam com isso e o impasse segue.