Os principais partidos iraquianos concordaram em formar um governo, informou o político que mediou as negociações, o curdo Masoud Barzani.
O acordo põe fim a quase oito meses de impasse desde as eleições de março, quando não houve um claro vencedor.
Barzani disse que o acordo é uma parceria nacional.
Segundo ele, o xiita Nouri Maliki mantém o cargo de primeiro-ministro, enquanto a principal facção sunita, liderada por Iyad Allawi, deve eleger a presidência do parlamento. Allawi terá o posto de chefe do Conselho Nacional para Política Estratégica.
Os curdos, que ao lado dos xiitas e sunitas, constituem as três principais etnias do Iraque, devem reter a presidência do país.
Os parlamentares deverão se reunir nesta quinta-feira para aprovar o acordo eleger o presidente do Parlamento, iniciando um processo que deve levar à formação do novo governo.
Inconstitucional
No final de outubro, a Suprema Corte do Iraque ordenou que os parlamentares do país retomassem os trabalhos, interrompidos desde as eleições no dia 7 de março.
O tribunal decidiu que a ausência dos legisladores era inconstitucional.
O impasse político se criou quando o bloco liderado pelo ex-primeiro-ministro Iyad Allawi venceu o pleito por uma pequena margem.
Em quase oito meses de limbo político, nem Allawi, nem o atual primeiro-ministro, Nouri Maliki, foram capazes de formar uma coalizão, e nesse período, o parlamento se reuniu por apenas 20 minutos.
Nessa única sessão, em junho último, os legisladores decidiram adiar o retorno formal aos trabalhos de forma a permitir que os líderes políticos negociassem suas alianças.
Levou todo esse tempo para que Maliki gradualmente conseguisse apoio para formar uma coalizão.
Segundo o correspondente da BBC em Bagdá, Jim Muir, a maré virou a favor de Maliki em outubro, quando o jovem clérigo xiita Moqtada Sadr anunciou que os assentos controlados por ele no novo parlamento – cerca de 40 – iriam apoiar Maliki.
Uma a uma, facções menores aderiram à coalizão liderada pelo primeiro-ministro xiita.
Sunitas
Os oponentes de Maliki, nesse meio-tempo, denunciavam a pressão exercida pelo Irã nos bastidores.
Restava a questão: como incluir no governo a aliança liderada por Allawi, receptor da grande maioria dos votos da etnia sunita?
Os parlamentares concordavam que o grupo deveria participar do governo, porque a marginalização dos sunitas é vista como uma das grandes causas da insurgência.
O acordo alcançado parece oferecer uma resposta. Embora Maliki retenha o posto de primeiro-ministro, o bloco liderado por Allawi leva não apenas a presidência do parlamento, como também a chefia do Ministério das Relações Exteriores e a presidência do novo Conselho Nacional para Política Estratégica.
Segundo o correspondente da BBC, o conselho foi criado, em teoria, para contrabalançar o poder do primeiro-ministro.
O líder curdo Jalal Talabani mantém o cargo de presidente do Iraque.
Em sessão nesta quinta-feira, os parlamentares devem eleger o presidente do parlamento e seus vices. Depois, a câmara deverá eleger o presidente do Iraque, que, por sua vez, convidará a maior coalizão parlamentar – a de Maliki – a nomear um candidato que tentará formar um governo.
O escolhido terá um mês para formar seu governo.
Entretanto, agora que existe um acordo, o processo deve ser rápido, disse o correspondente da BBC.
FONTE: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/11/101111_parlamento_iraque_mv.shtml